sexta-feira, 17 de maio de 2013


Tema 14
A Volta de Jesus ― parte 02

Dr. José Carlos Ramos
Maio de 2013

           
       Estamos abordando o glorioso tema da volta de Jesus, como sétimo ato fundamental de Deus no cumprimento do plano da redenção. Já observamos que a volta de Jesus é o evento por excelência, pois culmina vários planos proféticos da Palavra de Deus. Observamos também como ela se dará. Ele voltará com a glória do Pai, em Sua própria glória e poder, e na glória dos santos anjos. Esse evento e os subsequentes dele advindos culminarão o sublime plano salvífico de Deus, concluindo a presente história de pecado e sofrimento, e introduzindo a era porvir de alegria, paz e felicidade eternas.
       Duas outras importantes questões relacionadas com esse assunto são: por que Jesus voltará? e o que ocorrerá depois que Ele voltar? Vejamos o que a Bíblia diz a respeito.
       Ele voltará para concluir o propósito salvífico de Deus; em outras palavras, é para que o povo de Deus se aposse finalmente da vida eterna que Jesus voltará. Sem Sua volta a salvação não se consuma. É por isso que esse evento é identificado como “a bendita esperança” (Tt 2:13), que em todos os tempos fortaleceu a Igreja. Jesus foi para o Céu preparar lugares para que Seus fiéis seguidores estejam sempre com Ele. Nossa união com Jesus não ocorre por ocasião da morte, mas em Seu retorno. “Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor” (1Ts 4:16,17).
       Naquele dia, todos os justos mortos ressuscitarão incorruptíveis, isto é, não mais sujeitos à morte. Jesus encontrará também um grupo de justos vivos, que, num piscar de olhos, serão transformados para o mesmo estado dos que ressuscitaram: corpo perfeito, sadio e imortal (1Co 15:51-53), semelhante ao do Cristo ressuscitado (Fl 3:20, 21). Lá reconhecerei os amigos e parentes falecidos, como também serei reconhecido (1Co 13:12). Será indubitavelmente um momento de grande alegria para os salvos.
       Nem todos os seres humanos, lamentavelmente, terão a mesma sorte. A Bíblia é bem clara em afirmar que os que rejeitam o evangelho não poderão suportar a presença do Senhor. Ele Se manifestará “em chama de fogo, tomando vingança contra os que não conhecem a Deus e contra os que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus. Estes sofrerão penalidade de eterna destruição, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder” (1Ts 1:8, 9).
       Um último ponto merece a nossa atenção: o que ocorrerá depois que Jesus voltar?
       O Apocalipse responde nos capítulos 19 a 22. Entre a volta de Jesus e o estabelecimento definitivo do reino de Deus nesse mundo transcorrem mil anos, durante os quais Jesus reinará, não na Terra, como muitos imaginam, mas no Céu, com a diferença que agora os remidos reinarão com Ele (20:6). Que após Sua segunda vinda Jesus não ficará aqui está implícito em Sua promessa de que Ele vem buscar e levar Sua Igreja (Jo 14:1-3; ver também l3:36 e 17:24). Não a levaria a lugar algum devesse ela não deixar este mundo. Ela será levada ao Céu, não para ficar lá eternamente, e sim por mil anos.
       Durante esse tempo a Terra será um caos, como se depreende da palavra “abismo” usada para identificá-la em Ap 20:3. O termo aparece em Gn 1:2, que fala da Terra, antes da semana da criação, sendo “sem forma e vazia”, e estando em “trevas”. Assim será agora (ver Jr 4:23-28), propiciando o ensejo de um novo começo. Mergulhado nas trevas de um milênio glacial, com todas as suas cidades em ruínas, e esvaziado de seus habitantes, este planeta será a prisão do diabo e seus anjos (Ap 20:3). Terão férias de mil anos para refletirem na desgraça que acarretaram ao mundo.
       Enquanto isto, os remidos reinarão dinamicamente com Jesus no Céu. Ser-lhes-á conferida a participação no julgamento (Ap 20:4). Quem será julgado pelos justos? Paulo responde: o mundo e os anjos (1Co 6:2), isto é, os homens que se perderam, e os anjos maus - Satanás e todos os demônios. Podemos imaginar que os justos julgarão particularmente os seus conhecidos. Certamente muitos quererão saber por que determinadas pessoas não se encontram salvas com eles. Por exemplo, aos apóstolos Jesus garantiu o julgamento das 12 tribos de Israel (Mt 19:28).
       No fim do milênio, a Nova Jerusalém descerá do Céu (Ap 21:2) com Jesus e os remidos. Ela se acomodará no monte das Oliveiras transformado numa extensa planície (Zc 14:4). Nesse momento os ímpios de todos os tempos ressuscitarão (Ap 20:5) e serão vítimas do último engano de Satanás. Ele os convencerá a marcharem contra a gloriosa cidade, identificada como o “acampamento dos santos”. Descerá, porém, fogo do céu, como aconteceu a Sodoma e Gomorra no passado, e consumirá a todos, humanos perdidos e demônios (Ap 20:9, 10). Triste fim para aqueles que rejeitaram a salvadora graça!
       Então, Deus fará aparecer “um novo céu e uma nova Terra” (Ap 21:1), com a Nova Jerusalém por capital, e onde para sempre habitará a justiça (2Pd 3:13). Jamais a maldição do pecado retornará.

Conclusão

        Os sete atos fundamentais de Deus na História para o cumprimento de Sua salvação podem ser coligidos da seguinte forma, observando-se dois lances preliminares e dois posteriores:

              A. Terra recém-criada perfeita, bela e imaculada.
                  B. Queda do homem no pecado – Aqui começa a presente história humana

                         ATO (1) – O concerto abraâmico
                         ATO (2) – O êxodo, ou saída de Israel do Egito
                         ATO (3) – O retorno dos judeus do cativeiro babilônico
                    ATO (4) – A encarnação do Filho de Deus. Aqui se situa a cruz com ato central
                    ATO (5) – A instituição da Igreja
                    ATO (6) – A restauração da verdade
                    ATO (7) – A volta de Jesus

             C. Mil anos depois ocorre a consumação final, quando termina a presente história humana.
                D. Surgem, em seguida, NOVOS CÉUS e NOVA TERRA imaculados, perfeitos e belos, como
                         no princípio.
                       
            Creio que exatamente onde a cruz de Cristo foi levantada, onde Ele derramou o Seu sangue para nos dar vida, será firmado o Seu trono (Ap 22:3). Dali Ele governará o universo, como Rei dos reis e Senhor dos senhores e os Seus súditos estarão com Ele, todos aqueles que hoje Lhe rendem a vida e O aceitam como Salvador e Senhor. Deus terá resolvido para sempre o maior de todos os problemas: a presença do pecado no universo.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

Tema 13
SETE GRANDES ATOS DE DEUS
NA HISTÓRIA - PARTE IV

Dr. José Carlos Ramos
Maio de 2013

            O sétimo e último ato fundamental de Deus na História é a volta de Jesus com os eventos que ela desencadeará e que finalmente trarão a Terra outra vez ao seu estado original de perfeição, fazendo com que o propósito salvífico de Deus alcance pleno cumprimento. Abordaremos este assunto em duas partes.

Ato 7: a volta de Jesus (parte 1)

            A Bíblia contém perto de 2500 referências à segunda vinda de Jesus, e informa como e porque ela ocorrerá, e que efeito trará sobre os homens. Entre elas estão as do próprio Senhor, sendo uma das mais notáveis esta: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em Mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas... Vou preparar-vos lugar. E quando Eu for, e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que onde eu estou estejais vós também.” (Jo 14:1-3)
            O evento culmina vários planos proféticos. Em Dn 2 é a pedra que destrói a estátua representativa dos reinos que dominam o mundo (vv. 34, 35, 44 e 45). Em Dn 7, Jesus é o Filho do homem que recebe “o domínio, a glória e o reino, para que os povos, nações e homens de todas as línguas” O sirvam (vv. 13, 14). Em Dn 8 e 9, Ele é “o Príncipe” que purifica o santuário, o que envolve a erradicação do pecado, e destrói finalmente o anticristo (8:14, 25; 9:27). Em Dn 11 e 12, Ele é “Miguel” que se levanta no fim em defesa do povo de Deus (12:1). No discurso escatológico de Jesus, várias predições são feitas na perspectiva de Sua volta (Mt 24:30,31; Mr 13:26, 27; Lc 21:27). Esse evento dá sentido aos ensinos, admoestações e parábolas que o discurso apresenta. No Apocalipse, a volta de Jesus é o clímax dos 7 selos (6:12-17), das 7 trombetas (11:15-18), dos 7 flagelos (16:17-21), de seu plano profético central (14:14-20), e do próprio livro como um todo (caps. 19-22).
            Por que tamanha ênfase à volta de Jesus? Ela iniciará a última fase do processo que resulta na erradicação definitiva do pecado. A História que teve começo com a queda de Adão, e cujo transcurso é marcado com conflitos, sofrimento e morte, chegará ao fim com a restauração plena de todas as coisas. A volta de Jesus nos conduz a este momento ideal, tão longamente almejado pelo povo de Deus, e para o qual as profecias apontam.
            Nossa questão inicial é: como voltará Jesus?
            Em Sua primeira vinda, um indefeso bebê nasceu numa manjedoura e cresceu despretensiosamente. Quando adulto viveu como o servo dos servos até ser morto numa cruz. Talvez por causa disto, e porque o mundo hoje seja pior do que então, o poeta afirmou:

                                               Prometeste voltar, não voltes Cristo,
                                               Serás preso às horas mudas
                                               Depois de sofreres maus tratos;
                                               Pois no mundo deu-se apenas isto:
                                               Cresceu o número de Judas
                                               E vai aumentando a prole de Pilatos!

            Tivesse o autor destes versos estudado a Bíblia quanto ao modo como Jesus voltará e teria aplicado melhor a sua veia poética. Ele virá “com poder e muita glória” (Mt 24:30), “para ser glorificado nos seus santos e ser admirado em todos os que creram, naquele dia” (2Ts 1:10). Voltará com tríplice glória: a Sua, a do Pai, e a dos anjos (Lc 9:26). Quem ousará alguma coisa contra Ele?
 Por ocasião de Sua ascensão, anjos de Deus reafirmaram a promessa de Sua volta e deram um lampejo de como ela será. “Esse mesmo Jesus que dentre vós foi assunto ao céu, assim virá como o vistes subir” (At 1:11). Sua ascensão foi literal. Assim será Sua volta. Ela não é um fato simbólico, como, por exemplo, alguns imaginam que a segunda vinda se dá quando a pessoa morre, ou quando se converte. A ascensão foi corporal, Sua volta será corporal. Ele não virá como um espírito desencarnado, pois na  ressurreição Seu corpo tornou a viver (ver Lc 24:36-43; At 1:3, 4), e é “esse mesmo Jesus” que virá.
Jesus também não voltará secreta ou invisivelmente como alguns supõem, porque assim não foi Sua ascensão. Os discípulos O viram subir. Quando Ele voltar todos O verão. “Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá” (Ap 1:7. Ver Mt 24:30). Jesus previu que alguns afirmariam que a Sua volta seria invisível, e nos advertiu: “Se alguém vos disser: Eis aqui o Cristo! ou ei-lo ali! não acrediteis... Se vos disserem: Eis que ele está no deserto! não saiais; Ei-lo no interior da casa! não acrediteis. Porque assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até no ocidente, assim há de ser a vinda do Filho do homem.” (Mt 24:23-27).
A figura do relâmpago ilustra não a rapidez mas a visibilidade da Sua vinda. Ele disse que o relâmpago “se mostra.” Não é necessário que alguém venha contar que Cristo já voltou, pois na segunda vinda Ele será visto por todos. Ademais, anjos, no momento do retorno de Jesus ao Céu, afirmaram aos apóstolos que Ele voltará “do modo como O vistes subir” (At 1:11). Se Ele subiu corporalmente, então Sua volta não será espiritual como alguns supõem. O livro de Atos começa falando das “provas incontestáveis” de que Jesus havia ressuscitado. Em 1:4 menciona-se que comeu com os discípulos. Ele assim agiu para lhes deixar claro que Ele não era um espírito como a princípio imaginaram (Lc 24:36-43). A ascensão de Cristo foi corporal; assim será o Seu retorno.
Se os apóstolos viram-nO subir, então Sua volta não será invisível; testemunharam esse fato com os próprios olhos, não com olhos espirituais, ou olhos da fé como outros ensinam. Cristo falou do brilho do relâmpago para ilustrar a visibilidade de sua volta (Mt  24:27). Ele disse que não seria necessário que alguém viesse contar que Ele já voltou (vv. 23-26), e nem devemos acreditar neste tipo de conversa, porque assim como o relâmpago, quando brilha no espaço, é visto por todos (segundo Jesus, o relâmpago que “sai do oriente e se mostra até o ocidente”), assim também Jesus, em Sua segunda vida, será visto por todos: “Eis que vem com as nuvens e todo olho o verá...” (Ap 1:7). Isso, é claro, tornará supérfluo qualquer aviso sobre a já efetivação desse grande evento. Todos saberão por si mesmos que Cristo veio, pois o verão vindo [isto é, no processo de vir, de se aproximar do planeta] sobre as nuvens do céu, com poder e muita glória” (Mt 24:30).
Se Ele literalmente subiu, então Sua volta não será simbólica como ainda outros imaginam, o que significa que a segunda vinda não se dá quando a pessoa se converte, ou morre, ou de qualquer outra forma que não a literal.
Sabemos, então, que Jesus, com certeza, voltará. A julgar pelos eventos atuais da Terra, somos levados a crer que isto ocorrerá logo. Mais que nunca, precisamos estudar as Escrituras, orar mais intensamente e nos preparar, pois os dias em que vivemos são os últimos da História. Marchamos para um encontro pessoal com o Rei da glória, que virá como supremo Juiz. Que Deus nos ajude para que, isto ocorrendo, seja facultada a cada um de nós plena entrada no Reino de Deus.