quinta-feira, 4 de abril de 2013

Sete Grandes Atos de Deus na História - parte I

Tema 10

SETE GRANDES atos DE deus
NA HISTÓRIA - parte i

José Carlos Ramos
Abril de 2013


            Tenho considerado a profecia bíblica como predizendo o cumprimento de atos salvíficos de Deus. Visualizemos agora sete distintivos atos divinos na História, decisivos para que a Terra volte finalmente à sua perfeição original. Considerarei inicialmente os quatro primeiros.

Ato 1: o concerto abraâmico

            A promessa da vinda do Redentor foi feita logo que o pecado penetrou neste mundo (Gn 3:15). Os antigos patriarcas viveram pela fé nesta promessa, sem, contudo, contarem com evidências do seu cumprimento (Hb 11:2, 4-7, 39). Com o concerto abraâmico, estabelecido mais ou menos dois mil anos depois, Deus passou a definir como a promessa seria cumprida. “Sai da tua terra e vai para a terra que te mostrarei”, disse Ele a Abraão, “e de ti farei uma grande nação. Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (Gn 12:1-3). A grande nação aqui referida é Israel; as demais nações seriam abençoadas porque dos judeus viria o Messias trazendo a salvação para todos (Jo 4:22). O concerto abraâmico, portanto, foi um ato divino de repercussão universal.
            Algum tempo depois Deus prometeu a Abraão um filho, seu legítimo herdeiro e de quem procederiam os descendentes que herdariam a Terra (Gn 15:2-6; 12:14-17). O filho da promessa chamou-se Isaque, pai de Jacó de quem vieram os precursores das 12 tribos de Israel. Mas devemos lembrar que, à luz do Evangelho, o verdadeiro filho de Abraão é Jesus Cristo (Gl 3:16), através de Quem as bênçãos do concerto se concretizam. Seus legítimos descendentes são aqueles que tem a Cristo como Senhor. “Se sois de Cristo, também sois descendentes de Abraão, e herdeiros segundo a promessa.” (Gl 3:29; ver também Rm 9:7, 8).

Ato 2: o primeiro êxodo: a saída de Israel do Egito

            Os últimos capítulos de Gênesis e os primeiros de Êxodo narram como Jacó e seus descendentes se estabeleceram no Egito, sendo posteriormente escravizados. Libertados então pelo poder de Deus, partiram rumo à terra prometida, acampando por um bom tempo na planície do Sinai, onde foram organizados como nação teocrática. Ali Deus outorgou-lhes pessoalmente os Dez Mandamentos como carta magna, e instruiu-os na preparação de um santuário com um bem elaborado serviço, o que os capacitaria a entender melhor o Seu propósito.
            Deus começara a efetivar o cumprimento da promessa feita a Abraão. O êxodo e os eventos que se seguiram determinaram a existência de Israel como nação eleita. A Deus deviam exclusivamente a existência, e a Ele deveriam responder com devoção e amor. Um dos objetivos da instituição e comemoração da Páscoa era ajudá-los a jamais se esquecerem desse fato. Na verdade, o êxodo deveria ser a grande motivação para a fidelidade de Israel em todo o curso de sua história, o que o levaria a conquistar e desfrutar os grandiosos ideais de Deus. A posterior organização da monarquia ensejou os gloriosos reinados de Davi e Salomão, na realidade uma pálida demonstração do que deveria ocorrer sob o domínio do Messias. Porém, a constante deslealdade de Israel, fruto de sua ingratidão (Am 2:6-12), impediu-lhe de corresponder às expectativas divinas.
            A ocupação de Canaã, e sua posterior expansão, propiciaram a Israel a posse daqueles locais que mais tarde foram apontados nas profecias messiânicas como palco da presença do Messias nesse mundo, desde Belém onde nasceu, até Jerusalém onde foi morto. Este segundo ato de Deus foi também fundamental no escopo maior da salvação que Ele proveria.
            O êxodo e os fatos subsequentes, são, na verdade, apropriados tipos da redenção operada por Jesus na Cruz e de suas consequências na experiência humana (1Co 10:1-6, 11). Deus revelou a Moisés as circunstâncias que finalmente resultariam na libertação de Seu povo. “Vi a aflição do meu povo que está no Egito, e ouvi o seu clamor por causa dos seus exatores. Conheço-lhes o sofrimento, por isso desci a fim de livrá-lo e fazê-los subir daquela terra a uma terra boa e ampla” (Êx 3:7, 8). Os verbos “ver”, “ouvir”, “conhecer”, “descer”, “livrar” e “fazer subir” indicam ações específicas de Deus em Seu grande ato de redimir a Israel. Definem também benditas realidades no processo de nossa redenção. Deus viu a nossa situação de perdidos, ouviu o nosso clamor por salvação, conheceu a nossa necessidade de um Salvador, desceu até nós na pessoa de Seu Filho, livrou-nos do pecado, e nos fez subir aos “lugares celestiais” em Cristo (Ef 2:6). Mais séria que a escravidão egípcia, é a escravidão do pecado, da qual só Deus nos liberta mediante o sangue de Jesus (Jo 8:32-35). “Ele nos libertou do império das trevas e nos transportou para o reino do Filho do seu amor” (Cl 1:13).

Ato 3: o segundo êxodo: o retorno do cativeiro

            Após a morte de Salomão, Israel foi dividido, dez tribos formando um reino ao norte, e Judá e Benjamin outro reino ao sul, com Jerusalém como capital. Temendo perder o domínio para o rei do sul, Jeroboão, o primeiro rei do norte, proibiu o povo de participar do culto em Jerusalém, estabelecendo em seu próprio território um sistema religioso paralelo, em oposição ao que Deus ordenara. Pior ainda, o culto de Jeroboão era de natureza pagã (1Rs 12:25-33). Pouco a pouco essas tribos se afastaram de Deus até rejeitá-lO de vez. O reino do norte perdurou por um pouco mais de duzentos anos, ao fim dos quais as tribos foram desapossadas pelos assírios e transmigradas para diferentes regiões, até finalmente perderem sua identidade.
            O reino do sul acabou também caindo em apostasia, de forma que os juízos de Deus se tornaram inevitáveis (2Rs 17:18-20). Em 605 a. C. os judeus começaram a amargar um cativeiro que se arrastaria por 70 anos, uma tragédia nacional necessária, devessem os valores espirituais deste povo ser preservados. Neste sentido, o exílio babilônico se revelou uma bênção. No final, quando Deus os trouxe de volta, haviam compreendido que o falso culto não oferece a mínima compensação.
            O exercício profético cumpriu um importante papel antes, durante e depois do cativeiro. Primeiramente, Deus enviou profeta após profeta advertindo quanto ao que aconteceria caso a apostasia persistisse. Infelizmente foram ignorados (2Rs 17:13, 14). Começado o cativeiro, Deus não cessou de Se revelar. Três profetas se destacaram nesta circunstância: Jeremias, Ezequiel e Daniel, os dois últimos atuando em Babilônia, o império conquistador, o primeiro na região do rio Quebar (Ez 1:1), e o segundo na própria capital (veja o livro de Daniel). No tempo do retorno e re-estabelecimento na Palestina, Deus uma vez mais se fez ouvir nas vozes de Ageu e Zacarias, os quais fortaleceram o povo na reconstrução do templo.
            Muito tempo antes do exílio, outro profeta, Isaías, previu o que ocorreria e como Deus novamente libertaria Seu povo (Is 40-46; 51). Até mesmo o nome do libertador, Ciro, foi anunciado (44:28; 45:1, 13). Isaías predisse também o que sucederia num futuro mais distante. Procedem de sua pena as profecias messiânicas mais notáveis do Velho Testamento (por exemplo, 7:14; 11:1-7 e todo o cap. 53). Sob a direção do Messias, o povo de Deus cresceria em glória até que toda a Terra seria iluminada (Is 60:1-3) e transformada numa nova Terra (Is 65:17-25). À luz do Apocalipse, esses fatos ocorrerão na consumação dos séculos (Ap 18:1 e caps. 21 e 22).
            É evidente que, a exemplo do primeiro êxodo, o retorno dos judeus após 70 anos de exílio é um tipo apropriado da libertação que o pecador encontra no evangelho. O termo Babilônia nas profecias do Apocalipse define um falso sistema de culto, que se opõe ao legítimo e enreda as pessoas no engano e na perdição; daí o convite para saírem de Babilônia, e retornarem ao Deus verdadeiro (Ap 18:4).

Ato 4: a encarnação do Filho de Deus

            Deus sempre agiu na História, todavia à parte dela. Pela encarnação de Seu Filho, Ele penetrou na História para ser Seu principal agente e cumprir Seu ato central e definitivo. Deste ato dependem todos os demais na História.
            “Vindo a plenitude do tempo, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher” (Gl 4:4). A palavra grega chronos, tempo, aqui utilizada por Paulo, denota a História em seu curso. O tempo havia transcorrido e chegara o momento em que a promessa feita aos pais, reafirmada a Abraão e repetida posteriormente inúmeras vezes, seria cumprida. Isto ocorreu com o nascimento de Jesus.
            O apóstolo também afirma que Deus fez convergir em Cristo todas as coisas no céu e na terra, e isso também “na plenitude dos tempos” (Ef 1:10). Nesse texto, todavia, a palavra “tempo” é kairós, de significado um pouco diferente. Kairós não é o tempo que escoa, mas a ocasião propícia, como quando dizemos que a primavera é o “tempo” das flores. Enquanto chronos tem um sentido mais temporal, kairós tem um sentido mais circunstancial. Todo o tempo (chronos) em que a graça de Deus opera é o tempo (kairós) da salvação.
            Mas esse tempo de salvação deve ser antes visto como concentrado em Cristo. A implicação, portanto, é mais que afirmar que com Cristo chegou o tempo áureo da salvação, já que ela estava disponível desde o início. Indica que todos os atos salvíficos de Deus, operados antes e depois de Cristo, em qualquer ocasião, em qualquer lugar, e tendo o Céu e a Terra como palcos, convergiram para o evento histórico da encarnação como seu centro motor e razão de ser. Em Cristo cada ocasião (kairós) de salvação alcança a sua plenitude. A cruz concentra o todo da atividade salvífica de Deus, e dela promana para o alcance de seus resultados em todos os tempos e lugares.
            Por isso devemos considerar as profecias bíblicas como potencialmente cumpridas em Cristo, pois elas têm que ver com os atos salvíficos de Deus na História, atos que se concentram nEle e são dEle dependentes, mesmo aqueles operados antes e depois dEle. Assim também as profecias se cumprem na História, antes e depois de Cristo, por terem encontrado nEle o seu cumprimento fundamental (Mt 5:17, 18).
            Finalmente dizemos que a encarnação nos toca a todos, pois, através dela, Deus se tornou um de nós e um conosco (Jo 1:1, 14). Neste sentido, ela se traduz na forma de uma dádiva: “Um menino nos nasceu, um filho se nos deu”, diz a profecia (Is 9:6). É a maior dádiva, fruto exclusivo do Infinito Amor (Jo 3:16), a dádiva que concentra todas as demais. “Aquele que não poupou a Seu próprio Filho, antes, por todos nós o entregou, porventura não nos dará graciosamente com Ele todas as coisas?” (Rm 8:32). “Por isso é que Ele não se envergonha de” nos “chamar irmãos” (Hb 2:11).

2 comentários:

  1. Mano.
    Que maravilha confiarmos nas promessas deste Deus que nunca falhou em Seu assombroso AMOR para com a raça perdida!
    Que maravilha estudar a história e percebermos que cada pormenor das profecias se trona realidade em toda a atividade de Deus em favor dos pecadores.
    Que maravilha olhar para trás e ver cada império mundial começar e terminar da mesma forma como o nascimento de um bebê, nasce, cresce e por fim morre com apenas uma diferença: Os impérios nasceram, cresceram, subiram a seu auge de poder, morreram e nunca mais se levantaram, ao passo que a misericórdia de Deus (GRAÇA) permite que cada um de nós morramos, mas com a garantia da RESSURREIÇÃO para a VIDA ETERNA. Louvado seja o nome do Senhor!

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  2. Pastor, vou fazer neste fim de semana (sáb 27) uma vigília com este tema.(os 7 atos...). Tenho e estou lendo seu livro a mensagem de Deus e do livro estou absorvendo este tema e desenvolvendo em um ppt para esta vigília.
    Gostaria de saber se por acaso o senhor não tem também um ppt para que eu complemente as informações para os estudos da vigília.
    Jorge Leite seu aluno, formado no UNASP em 2009.

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