sábado, 12 de janeiro de 2013

Natureza e Significado da Profecia Bíblica

1º TEMA

Natureza e Significado da Profecia Bíblica
José Carlos Ramos
Engenheiro Coelho, janeiro de 2012


            A profecia bíblica é muito mais que prognóstico ou simples exposição de fatos a ocorrerem. Embora exista o elemento preditivo, seu propósito não é estimular o fascínio do homem pelo desconhecido, ou quanto ao futuro. Meramente conhecer o futuro é de valor apenas relativo; Deus deseja agraciar o homem com melhores dons. A mensagem profética foi o meio escolhido por Deus para revelar à humanidade o Seu plano redentor, tendo em vista a  pecaminosidade do homem e sua necessidade de salvação.
            A revelação divina ao homem, tornada possível através do ministério dos profetas que “falaram da parte de Deus movidos pelo Espírito Santo” (2Pd 1:21), proveu o material constitutivo dos 66 livros que compõem o Antigo e Novo Testamentos na Bíblia. O tema central, básico, da profecia, é o mesmo de qualquer outra matéria bíblica, seja história, poesia, lista genealógica, doutrina e mandamentos; é também o tema da Bíblia como um todo. Em suas páginas observamos o posicionamento de Deus face ao dilema do mal. Elas nos deixam a certeza de que Deus está no controle de cada coisa, e que, ao final, o pecado será como se nunca tivesse sido.
            O plano da redenção é, de fato, o assunto predominante da Bíblia. De seus 1189 capítulos, apenas os dois primeiros falam da Terra antes que o pecado nela se estabelecesse. Descrevem, de forma concisa e objetiva, a criação do planeta, a implantação do jardim do Éden, e os privilégios e deveres do homem, decorrentes de seus valores físicos, mentais e morais. Uma nota de harmonia total pode ser sentida em toda a narrativa, cujo centro é o descanso de Deus no sétimo dia (Gn 2:1-3), clara evidência de uma obra criadora executada e concluída com maestria e perfeição. À luz do que aí é afirmado, é impossível atribuir a Deus a mínima responsabilidade pela entrada do mal descrita em seguida (Gn 3).
            Em contrapartida, os dois últimos capítulos da Bíblia, Ap 21 e 22, descrevem de forma fascinante, embora igualmente concisa e objetiva, a condição da Terra após a erradicação do pecado descrita imediatamente antes. A perfeição, felicidade e harmonia originais estão de volta.
            Mas o ponto aqui é a restauração de tudo o que o pecado pôs a perder, como algo realizado exclusivamente por Deus: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21:5). O que Ele opera no transcurso dos séculos, para que finalmente esta restauração possa ser efetivada, é o conteúdo essencial da profecia, isto é, daquilo que nos é oferecido entre Gn 3 e Ap 20.
            Portanto, a profecia bíblica tem a ver, antes de tudo, com os atos salvíficos de Deus. “Certamente o Senhor Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o Seu segredo aos Seus servos os profetas” (Am 3:7). Sua referência ao futuro é própria porque este virá um dia a ser História, e a História, que envolve o passado e o presente, é o palco da ação divina cumprindo Seu propósito de salvação.
            Este propósito, estabelecido desde a eternidade, é levado a efeito na passagem do tempo. Assim a profecia ressalta o fato de que os eventos da História ― desde o passado mais remoto até sua parte final, conhecida como “a consumação dos séculos” ― não se sucedem por mero acaso ou como ação exclusiva da providência humana, mas Deus está no controle de cada coisa, operando o Seu propósito.
             Naturalmente esse grandioso fato situa-se além da capacidade humana de observação. Tudo o que um historiador secular pode transmitir decorre da percepção sensorial; mas os atos de Deus na História transcendem os recursos dos sentidos, e podem ser percebidos apenas mediante a atuação de um elemento sobrenatural na mente humana: a inspiração. O profeta bíblico é, na verdade, um historiador do ponto de vista da dinâmica divina. Isso é constatado quando observamos a maneira distinta como a Bíblia relata certos eventos comuns à narrativa histórica.
 
Os Limites da História São os Limites da Profecia
           
             A História, como a conhecemos, inicia-se não com a criação do homem, mas com sua queda no pecado. A História, na realidade, é a história do homem amargando a experiência do pecado. Todavia, a partir do momento em que o pecado se fez presente, Deus entrou em ação para resgatar o homem. Sem essa interferência, a História do homem iniciar-se-ia com a queda e seria concluída com o seu aniquilamento final e eterno. Em virtude dela, porém, o homem será finalmente reintegrado em seu estado de perfeição original.
            A história do homem no pecado é igualmente a história de Deus salvando o homem do pecado. No exato momento em que o homem pecou, o plano da redenção humana passou a ser aplicado. Enquanto o pecado existir, a aplicação desse plano estará em operação. No exato momento em que o pecado for banido, o plano terá alcançado a plenitude de seu resultado. O ponto inicial e o ponto terminal do pecado estabelecem os limites da História e da aplicação desse plano.
            Sendo que a profecia bíblica encontra no plano da redenção o seu conteúdo básico, e na História o seu próprio cumprimento, é inevitável a conclusão de que os limites da História são igualmente os limites da profecia. No dia em que o homem pecou Deus veio ao seu encontro para lhe revelar os efeitos da desobediência e o meio da reabilitação. É verdade que o efeito do pecado fora anunciado antes da queda (Gn 2:16, 17), mas é óbvio que esse anúncio foi dado na forma de uma advertência e não de uma afirmação profética. De fato, foi a queda que ensejou a comunicação da primeira mensagem profética, exarada em Gn 3:15-17.
            Assim, a mensagem profética nasceu quando a História começou, e morrerá quando ela terminar. O apóstolo Paulo diz que “havendo profecias, desaparecerão” (1Co 13:8). Isso ocorrerá quando o último vestígio do pecado desaparecer. Então o trato de Deus com a problemática do pecado terá chegado ao fim, e a profecia não mais terá razão de ser. Pecado e pecadores serão coisas do passado, e o homem desfrutará direta e pessoal comunhão com o Criador, tal como ocorria antes da queda.

Um comentário:

  1. Oh que grande alegria desfrutaremos meu amigo, quando a manhã radiosa da Ressurreição acontecer na segunda gloriosa volta de Jesus Cristo nosso Salvador e Senhor! Aquele que no sexto dia criou o homem do pó da terra, agora, em Sua volta, pelo poder de Sua glória faz com que os túmulos se abram e recria do pó os que n'Ele dormiram desde longas épocas. Louvado seja o Senhor pela postagem acima!
    Robson Silva

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